Gustavo Ioschpe, acorde!

[N.E.] A professora da rede pública de Juiz de Fora  Dina Amara Meneses  ficou  indignada com os equívocos e inverdades de um artigo de Gustavo Ioschpe no veículo de “yellow journalism” * REVISTA VEJA (11/05). E respondeu a coluna. Contudo, confiante de que sua critica não seria publicada, ela entrou em contato conosco e sugeriu que publicássemos.  Pedimos desculpas pela demora, mas segue a colaboração:

 

 

“A Revista Veja publicou uma coluna bastante parcial e equivocada sobre os movimentos dos professores que estão se espalhando pelo país. Após muito repensar tudo o que li, resolvi responder ao autor nos comentários do site da revista e compartilho com vocês minha indignação. Abaixo colocarei o link do texto e,  minha resposta.”

 

link para

Professores, acordem!  

de Gustavo Ioschpe

http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/professores-acordem

 

Prezado Gustavo Ioschpe,  

[Dina Amara Meneses]

Sou professora da rede pública de ensino e li seu artigo.

Alguns pontos precisam ser esclarecidos, pois pareceram-me incoerentes:

*O senhor é economista e escreve em uma coluna sobre educação; contudo, acredita ser inútil escrever aos profissionais da educação? Qual seria, então, o objetivo de sua coluna?

* Pelo visto, seu conhecimento da população brasileira está restrito a uma determinada fatia dessa população, visto que a maioria dos responsáveis pelos alunos não apoiam os professores. Muitas vezes, os mesmos nem buscam conhecer os reais motivos de nossas mobilizações. O senhor conhece, de fato, a realidade e o cotidiano de uma escola pública?

* Quanto ao investimento em educação, o senhor realmente acredita que dinheiro que deveria ser destinado à educação chegue aos professores? Seria maravilhoso se as verbas chegassem, de fato, ao seu destino inicial. Será que o distinto economista está falando de um outro país?

* Aguardo ansiosamente a entrada dos pais e da mídia nas escolas, mas acho que ela não deveria esperar que as coisas melhorassem para acontecer. Veriam que nossa profissão não tem apenas maus profissionais. Em todas as profissões existem alguns mais e outros menos competentes e julgar a classe toda pelo comportamento de alguns seria tão incoerente como dizer que todos os economistas são incompetentes porque existem alguns que compraram seus diplomas em instituições que “vendem canudo”.

* Outro equívoco é pensar que os professores não buscam qualificação. Eu, por exemplo, tenho curso de extensão, mestrado e estou frequentando um curso de Libras para poder atender a duas alunas surdas que tenho nas escolas que leciono. Gostaria que o senhor considerasse o investimento e o tempo que precisam ser dispensados aos cursos de formação. Não seria lógico pensar que é necessário tempo e dinheiro para que se consiga uma formação de qualidade? Ou o senhor acha que tudo isso cai do céu?

* Não reconheço na categoria um veto à participação de terceiros. O que não queremos é que haja uma inversão de papéis. Também não sou contrária ao fato de economistas, desde que justos e imparciais, calculem os salários dos professores. O que não entendo é como um economista diz que não gostaríamos dos resultados. Seus cálculos não seriam justos?

* Sugiro que estude nossas pautas de negociação e perceba que o índice salarial é apenas um item da mesma. Ou será que só o meu sindicato faz uma pauta que defenda uma melhor infraestrutura das escolas, ampliação das vagas, valorização de outros profissionais envolvidos na educação como os secretários escolares e os profissionais responsáveis pela merenda e limpeza? Gostaria de lembrá-lo ainda que generalizações não são boas enquanto recursos argumentativos, pois apenas um exemplo contrário derruba toda a sua tese. Finalmente, gostaria de ponderar que, se nosso objetivo é o mesmo: uma educação de qualidade, deveríamos nos unir e atacar os problemas que dificultam que essa vitória seja alcançada: o desvio das verbas destinadas à educação; a presença cada dia maior das drogas e da violência dentro das escolas públicas; as políticas que visam mais os índices de aprovação que a qualidade do ensino. Assim, o senhor estaria de fato contribuindo com a educação e com nossa sociedade!

[N.E.] recebida para publicação em 24/5/2014 18:57

* A Revista Pittacos prefere a expressão em inglês  “yellow journalism“. A expressão em português  “jornalismo marrom”, sempre cria a duvida se é uma referencia a cor, ao cheiro ou ao emprego de algum substituto indevido de tinta por parte  de certos órgãos de imprensa.  Indicamos sobre o assunto a Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Imprensa_marrom  ,  no verbete que transcrevemos abaixo a titulo de curiosidade:

Imprensa marrom

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Imprensa marrom
 é uma expressão pejorativa utilizada para se referir a veículos de comunicação (principalmentejornais, mas também revistas e emissoras de rádio e TV) considerados sensacionalistas, ou seja, que buscam elevadas audiências e vendagem através da divulgação exagerada de fatos e acontecimentos, sem compromisso com a autenticidade1 2 .

É o equivalente em português do termo em lingua inglesa “yellow journalism“. Em ambos os casos registam-se transgressões da ética jornalística.

 

Yellow Press

Nos Estados Unidos, a expressão yellow press surgiu por causa do personagem de histórias em quadrinhos The Yellow Kid, criado por Richard Felton Outcault e um dos focos da disputa entre os jornais New York World e New York Journal American. Como as duas publicações se destacavam também pela competição levada às últimas consequências, os críticos começaram a se referir a ambas como “imprensa amarela” .

A expressão acabou se estendendo a outros jornais que se utilizavam dos mesmos expedientes do New York World: manchetes em letras garrafais, grandes ilustrações e exploração de dramas pessoais .

No Brasil

Há diferentes versões para a mudança de cor na tradução da expressão para o português. Segundo Alberto Dines, o conceito foi utilizado pela primeira vez no Diário da Noite, em 1960. Ao noticiar o suicídio de um cineasta, ele escreveu que a tragédia era resultado da atuação irresponsável da “imprensa amarela”. O suicida havia sido vítima de chantagem por parte da revista Escândalo5 . O chefe de reportagem Calazans Fernandes, então, mudou para “imprensa marrom”, alegando que o amarelo é uma cor alegre, enquanto o marrom seria mais apropriado por ser a cor dos excrementos .

No entanto, Márcia Franz Amaral sustenta que a expressão é tradução de imprimeur marron, que é como se chamavam na França os jornais impressos em gráficas clandestinas .

Uma terceira interpretação é de que no Brasil a cor marrom seria identificada com clandestinidade e a ilegalidade, de forma racista, desde o século XVII, por associação aos escravos fugidos ou em situação ilegal no país .

Características

Embora “imprensa marrom” seja normalmente considerada o equivalente da “yellow press” norte-americana, Leandro Marshall propõe uma diferenciação. Para ele, a imprensa amarela seria uma fase anterior, marcada pelo sensacionalismo, com fatos sendo exagerados nas páginas de jornais apenas com o objetivo comercial de atrair mais leitores. Já a imprensa marrom seria mais caracteristicamente definida como a manipulação da notícia com fins políticos .

Outros autores, porém, argumentam que o escândalo, a intriga política e a chantagem já faziam parte dos métodos utilizados pelos primeiros jornais sensacionalistas .

Norbert Bolz aponta como principal característica desse tipo de jornalismo a comunicação direta, que abre mão de qualquer abordagem mais complexa sobre o mundo

 

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