[Rodrigo Mudesto]
O passe livre é uma das poucas utopias que me seduz, e muito.
Entendido como uma politica municipal de ênfase no transporte publico com tarifas bastante reduzidas ou mesmo gratuitas. Ele é uma forma inteligente de redistribuir recursos (leia-se renda). Reduz custos coletivos, pessoais e até as empresas economizam. Economiza-se também em emissões de carbono na atmosfera, e em esparadrapo nos hospitais. Tem o potencial de dar um solavanco na política também, já que os políticos, principalmente os de atuação municipal, se atolam com mais frequência devido às “dividas” com os empresários (sic) do transporte do que com empreiteiros ou correligionários. A redução de custos com segurança, monitoramento, expansão e manutenção das vias, no computo geral pagaria essa conta. O maior empecilho é a dependência que muitas cidades medianas e certas regiões de grandes municípios desenvolveram da economia de suporte ao automóvel (mecânicos, tunagem, som, borracharias, estacionamentos pagos, flanelinhas, impostos e mais uma lista bem longa). Um possível problema lateral, é que a planificação da circulação, pode tender a retirar mais dinheiro da economia real e desaquecer o comercio urbano em prol da virtualidade. Mas mesmo assim as vantagens são inegáveis.
Por outro lado, me decepciona esse discurso raso de que a violência e a depredação trouxeram conquistas sociais. É apenas falácia de gente anestesiada, propalando alguma visão romântica sobre revoluções, e que não se importa em “quebrar alguns ovos”, os dos outros. Muitos adolescentes estão dispostos a quebrarem os próprios ovos, mas isso é da natureza da adolescência, acham que são imortais, e não pensam na própria família ou em quem dependa deles, mas é direito da idade. Adolescência que como muitos especialistas assinalam, em nossa época dura ate lá pelos trinta. Sobre os memes que andam circulando no Facebook e que reproduzo abaixo, a Alemanha Oriental não deixou de existir por que martelaram a merda do muro, e se querem começar uma revolução francesa, eu aviso que estou fora, e aconselho os pobres a fazerem o mesmo. Uma revolução francesa é quando os mais pobres são usados de bucha pelos burgueses…
As secretarias de segurança pública do Rio e de São Paulo são as maiores responsáveis pelos últimos incidentes. São instituições infelizmente burras, assim como nossa polícia. Alguma depredação e algumas prisões temporárias são parte do jogo, na verdade em lugares mais acostumados com essas manifestações a polícia prende para depurar de infiltrados e arruaceiros as manifestações e reforçar as lideranças mais representativas. Mas em lugares onde a polícia é autoritária (e militaristas) prende errado, machuca-se gente demais e isso só serve de fermento. Só governos destinados a serem execrados e defenestrados, humilham a população quando se manifesta. Alckmin vai aprender isso na próxima eleição, ele ainda tem as contas de Pinheirinho e da Usp pra pagar. Haddad precisa começar a ter mais personalidade. Ele tem um papel central nos próximos anos. Mas como diria o bigodudo que abraçou o cavalo e chorou: É preciso tornar-se o que se é. Os políticos cariocas continuam sendo os stand-up mais bem pagos do país.
Desde a ultima greve das universidades federais ficou claro que existe muita pressão reprimida entre a população mais jovem, acredito que seja um potencial ainda positivo. Nossa gestão (a do Brasil, para não generalizar) seja no âmbito do Estado seja no âmbito da sociedade/mercado é tonta, mal preparada, autoritária, e disfarça as deficiências indisfarçáveis sendo pretensiosa. Há uma demanda de eficiência e inovação que não encontra lideranças eficazes nem boas propostas, ela vem de jovens carentes, sejam pobres ou ricos, por participação, pelo bom combate – Não são como minha geração, nascida na ultima década da ditadura e que se marca pela busca de alguma forma de segurança e de fruição do mundo. Mas por enquanto eles não querem uma revolução, não querem uma guerra, por enquanto. Suas metas mal explicitadas e mal formuladas são uma sociedade em que a eficiência de técnicas e valores, produza liberdade para “ser” e justiça para “não ser”, não compreendem adequadamente porque os recursos são necessariamente escassos, e disfarçam os limites de seus próprios interesses com maniqueísmo primários. Mas aqui, como em outros lugares o imediatismo, a pressa, acaba minando a formação de metas de médio prazo (metas de longo prazo são embustes, desperdiçam vidas e devem ser evitadas). E essas forças acabam sendo usadas de formas ineficientes, ou mesmo negativas. O mundo árabe mostra muito isso. O libertário jovem precisa ser responsabilizado pelos reacionários que ele involuntariamente acaba colocando no poder.
No fim, velhos partidos políticos ocupam a coordenação sempre que movimentos sociais se recusam a produzir novos lideres. Alguém fica com os despojos, alguém fecha a conta e conta a historia. Foram setores políticos da extrema esquerda e da direita liberal que por inabilidade, transformaram a ultima greve universitária, que acessando uma oportunidade de ouro de dar vazão positiva a essa “multidão de jovens”, causaram um desastre cujos efeitos ainda são sentidos (basta lembrar o plano de carreira dos professores universitários). E vão fazer o mesmo com o movimento do passe livre. Nossos governantes, estaduais e federais, são um horror, covardes e limitados tecnológica, moral e intelectualmente; mas nossos revolucionários são perdedores históricos, e se formaram cultuando o fracasso e a sonseira. O futuro precisa passar ao largo de ambos os grupos.
A dita extrema esquerda que não negocia, que desqualifica o popular como não consciente, que sacrifica tudo pela utopia de longo prazo, não vai descansar enquanto não levar os reacionários de volta ao poder, é seu único objetivo, para que ambos possam voltar aos seus joguinhos de matar jovens. Entre a política e a guerra. Eu fico com a política.
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=TvtmaL3rSLI#!
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/113691-por-que-estamos-nas-ruas.shtml
http://beneviani.blogspot.com.br/2013/06/arruaca-policial-janio-de-freitas.html
http://politicarevisitada.blogspot.com.br/2013/06/as-vezes-e-preciso-desestatizar-o.html
“THERE IS NO POLITICAL SOLUTION!” Como j declaravam os modernos profetas em corpos de cantores em nossos tempos. A mudanca por outra via. Votar nulo um ato de desacordo com o que est estabelecido. Ao votar nulo digo : EU NAO ESTOU DE ACORDO COM O QUE ME OFERECIDO!
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MUITO LEGAL…ESSES 20CENTAVOS AGORA ESTÃO LEVANDO A CULPA PELA INCOMPETENCIA DESSA CORJA DE LADÓESQUE ROUBAM O PÁIS HÁ MUUUUUUUUUITO TEMPO…..
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